segunda-feira, 30 de setembro de 2013

É proibido chorar!

Ora ao som: Suspiros, vozes ofegantes, fungadas e muitas vezes apenas o silêncio.

Ora a imagem: Lágrimas escorrendo, lábios mordidos, boca trêmula e olhos pesados.

O choro é a transposição da dor, da agonia, da irritação e da tristeza do plano psicológico para o plano físico. É a maneira que o corpo encontra para extravasar os sentimentos negativos acumulados.

Quando nascemos, é a única forma que encontramos de nos comunicarmos com o mundo. Ao sairmos do ventre da nossa mãe, o choro é o sinal de vida. O primeiro choro é causado pela agonia ao primeiro movimento da estrutura de nossos pulmões ao respirarmos pela primeira vez. Posteriormente, enquanto bebês, todos os nossos desejos de maior anseio, assim com as nossas injúrias são expressos através do choro. Imagino que se nós não tivéssemos a capacidade de falar e de sermos compreendidos, ainda utilizaríamos o mesmo artifício.

É irônico que, ao mesmo tempo que o primeiro choro de um bebê seja razão para alegria e felicidade, os choros posteriores se tornam, muitas vezes motivos de impaciência, agonia e irritação. Ninguém gosta de ouvir um choro, a menos que seja por um motivo de felicitação.

Quando crescemos, aprendemos a nos comunicar. A linguagem e a comunicação nos ensinam muitas coisas, principalmente a mascararmos os nossos sentimentos. Afinal de contas, a vida nos ensina que o choro é um sinal de fraqueza que deve ser reservado para momentos singulares. A perda de um ente querido, uma grande conquista, o choque por uma grande frustração totalmente inesperada... e olhe lá...

Fora estes exemplos, o choro é tido como um sinal de vulnerabilidade, insuficiência e limitação. Se assim não fosse, não faríamos questão de nos escondermos na maioria das vezes que choramos. Diferente dos bebês, não queremos chamar a atenção das pessoas às nossas fragilidades.  Afinal, em poucas e eventuais circunstâncias, podemos encontrar alguém disposto a ouvir os nossos problemas.

Não existe mesmo uma canção de uma cantora famosa que diz: “Então, não me conte os seus problemas! Hoje eu quero paz! Eu quero amor! Então, não me conte os seus problemas! Nada de tristeza, nem de dor!”?

Pra quê nos incomodarmos com os sentimentos negativos das outras pessoas? Pra quê nos contagiarmos com a tristeza alheia? Já temos que lidar com os nossos próprios problemas mesmo...

Questão de cidadania? Altruísmo? Solidariedade? Está bem... vez ou outra podemos fazer uma caridade...

E que cada vez mais o sentido do choro se perca! Em poucos casos, recolhido às quatro paredes de um quarto. Em muitos casos, desaprendido e ressecado, transformando toda a frustração, injúria e tristeza em ódio e rancor.

Secos, frios, calculistas e mascarados. São as regras para os vitoriosos do mundo atual!

Engula o choro! Pois é proibido chorar!

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Por que não?

Tanto quanto músico, como designer gráfico, sempre carrego um sentimento de frustração quando um projeto meu não sai do papel ou, até pior, da minha mente.

Trilhas, jingles, arranjos, cartazes, layouts, websites... Muitos estão "engavetados" numa pasta digital em um HD externo ou até numa mídia perdida em algum canto da casa.

Na música, tive a oportunidade de participar, ainda que por curto período, de projetos que instigavam o meu conhecimento, minha capacidade e minha criatividade.

Uns 5 anos atrás tive a oportunidade de participar de um coro erudito profissional pela primeira vez. Foi um verdadeiro desafio que me ensinou por demais musicalmente. Não durou muito tempo, mas pude participar de grandes eventos como um concerto da IX Sinfonia de Beethoven, juntamente com dois outros coros, maestro e solistas internacionais, além de uma grande orquestra acompanhando.


No ano passado, 2012, fui convidado a me juntar a um grupo de música popular a capela de 6 vozes para participar de um concurso nacional de grupos vocais. Um novo desafio que uniu-se a uma dentre muitas das minhas paixões musicais sempre existente mas nunca realizada. Um prazer inenarrável em unir a minha voz com a de mais 6 grandes cantores a cada ensaio. A primeira apresentação foi no concurso e levamos o 3º lugar. Mas infelizmente não pude continuar o projeto com eles.


Tantas experiências me faziam ainda mais pensar, fantasiar e sonhar com arranjos vocais bem elaborados. Por acaso achei uma gravação que tinha feito de um arranjo vocal a capela que tinha feito (na verdade meio que adaptado) uns 3 anos atrás. Pensei, por que não publicar? Resolvi ir mais além... Decidi me filmar fazendo cada uma das vozes que gravei. Afinal, pelo menos o registro seria eternizado de alguma forma.

Mas eu mesmo... Em oito vozes... Oito telas... Oito faces... Parecia meio louco! Mas pensei, por que não?

Postei em duas redes sociais sem nenhuma pretensão e para minha surpresa o retorno foi muito maior do que eu esperava. Em uma semana o vídeo teve mais de 2 mil compartilhamentos, sem contar os comentários, elogios e as mensagens de pessoas que eu nem sequer conhecia, além de músicos de renome que eu admiro bastante.




Um arranjo adaptado do hino "Praise To The Lord The Almighty" (gravado pelo Integrity Music em 1992), na versão em português do hinário adventista "Sejas Louvado" com algumas partes versionada por mim mesmo.

A partir desta experiência, decidi por tornar costumeiro outras produções deste tipo de vídeo. Buscando sempre a melhor sonoridade para louvar o nome dAquele me deu o dom.

E vamos ver que virá daqui em diante! Sempre um desafio, sempre uma novidade! Por que não?


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Irresponsabilidade Social


Ora ao som: Pássaros cantando... Algumas poucas pessoas na rua conversando... Carros passando... e a respiração de duas pessoas acuadas e um tanto entediadas...

Ora à imagem: O que DEUS nos permitia ver sob a SUA dádiva do primeiro dia da criação... E o pouco que nos era refletido do exterior no cobrir da escuridão...

Foi assim durante uma semana do mês de janeiro deste ano, ao qual minha esposa e eu iniciamos o desfrute do nosso novo lar conjugal.

Felizes e amistosos com tão almejada mudança, não podíamos esperar sermos vítimas de um imprevisível revés... O antigo morador do imóvel, que foi um inquilino do antigo proprietário, havia deixado uma grande dívida pendente com a empresa provedora de energia elétrica.

Ao sabermos da situação, tentamos de todas as formas resolve-la, mas os funcionários de atendimento da empresa, com suas limitações de atuação e capacitação, se restringiam apenas a dizer que somente o responsável pela dívida poderia resolver a situação e que se assim não fosse feito, o relógio de medição de energia para o nosso apartamento seria removido.

Para eles parecia simples... Basta apenas localizar esta pessoa... Mas o fato é que ninguém conseguia encontrar o responsável pela dívida... Nem o antigo proprietário do imóvel que conhecia a pessoa, nem tão pouco nós que nunca o vimos na vida...

Não teve jeito... Nossa energia foi cortada... E ficamos durante uma semana sofrendo o prejuízo de perdermos alimentos conservados na geladeira... ilhados pela falta de acessibilidade à informação e comunicação... e entediados pela falta de opções para entretenimento, somado à frustração do ocorrido...

Para que isso não nos consumisse por demais, tivemos passar o máximo de tempo fora de casa e voltarmos apenas para dormir.

Tentamos, de todas as formas, resolver a situação. Fomos nos mais diversos postos de atendimento desta empresa provedora de energia. Talvez, se eles tivessem uma empresa concorrente no mesmo estado, dariam mais atenção em resolver o problema.

Depois de tanto ir e vir, conseguimos com que eles disponibilizassem para que nós pudéssemos pagar a dívida que não era nossa. Pelo menos o antigo proprietário do imóvel assumiu o prejuízo. Tivemos que esperar 2 dias para que o pagamento constasse no sistema dele para então abrirmos uma nova conta em nosso nome. No entanto, a empresa provedora de energia nos deu o prazo de 3 à 5 dias úteis para a instalação do novo relógio medidor e distribuidor de energia.  Ou seja, mais espera, mais prejuízo, mais frustração...

Passada essa situação, pensei em algo que ser tornou modismo em todas a grandes e médias empresas de destaque. A famosa “Responsabilidade Social”.

Como profissional do design, já desenvolvi vários materiais gráficos para divulgação do trabalho de responsabilidade social de algumas empresas. Fotos de pessoas correndo, sorrindo, parecendo felizes e satisfeitas, como se aquela empresa em questão se preocupasse realmente com os problemas do mundo.

Uma das vezes que realizei este tipo de trabalho, ao conversar com a gerente de Recursos Humanos daquela empresa, ouvi algo sobre responsabilidade social que nunca me esqueci. Ela me disse que, ao contrário do que muitos pensam, responsabilidade social não é apenas se preocupar com os problemas da sociedade como um todo, mas primeiramente partir da preocupação com os problemas da parte da sociedade que atua na empresa em questão e consequentemente da parte da sociedade que esta empresa provê os seus serviços.

Quando vivi a “semana sem energia” lembrei de tudo isso que me foi dito. Ao entrar no site da empresa provedora de energia, que não me pareceu agir com responsabilidade quanto ao meu problema social, encontrei uma opção de link intitulada “Energia para Crescer”. Apresentando toda aquela politicagem de cuidados com o meio ambiente, educação e cultura. Sendo que quem mais cresce sob essa campanha são eles mesmos.

Pois é... fingir ser responsável é a coisa mais fácil do mundo... Vender uma imagem adulterada é, muitas vezes, o meu trabalho... Irresponsáveis são eles pelo descaso... Irresponsáveis somos nós por ficarmos de braços cruzados...

sábado, 24 de dezembro de 2011

Comemorar o quê?

Ora ao som: Sinos tocando, canções de celebração ecoando em seus mais diversos arranjos, das mais envolventes às mais repugnantes, risos stacatos de um senhor idoso, anúncios de liquidação para vendas, promoções especiais, passos em ritmo acelerado nos centros comerciais...

Ora à imagem: Luzes piscando, pinheiros decorados com mil firulas, bolas espelhadas de diversas cores, representações de neve, senhores idosos de barba comprida vestindo um agasalho vermelho com um gorro pontudo, pinturas e esculturas de um grupo de pessoas ao redor de um bebê recém-nascido, imagens televisivas daquele mesmo senhor idoso degustando uma suculenta ave numa ceia ou dirigindo um carro novo, brinquedos dos mais diversos tipos e cores em destaques para venda...


Chegou o período do ano que traz a maior lucratividade anual para os centros comerciais...

Chegou o período do ano que mais aumenta e destaca intensamente os contrastes sociais...

Chegou o período do ano em que se deseja ao mundo o que muitas vezes não se encontra: a paz...

Chegou o período do ano em que se pensa quase sempre em consumo, nada mais...

É... chegou o Natal!

Semanas atrás, minha esposa presenciou algo que, ao me relatar, me deixou um tanto pensativo...

Uma criança se encontrava com o seu pai cheia de gravuras e pinturas natalinas que ela havia trazido da escola. O pai, ao ver tantas imagens natalinas, pergunta à filha:

- Filha, você sabe o que se comemora no natal?

A filha fazia uma expressão pensativa, meio que sem saber o que responder... Então o pai tenta ajuda-la:

- No natal se comemora o aniversário de...?

- ...Papai Noel!!! - responde a criança.


Ao ouvir esta história, fiquei um pouco indignado, mas logo pensei: Bom... eu não sei quando nasceu o Papai Noel ou o São Nicolau (nome verdadeiro da figura natalina), mas sei que não foi no dia 25 de dezembro que Jesus Cristo nasceu.


Poucos se preocupam realmente em saber o verdadeiro dia do nascimento de Cristo, mas pesquisadores e estudiosos alegam que pelo clima da época e alguns fatos paralelos do período, Maria e José tiveram o bebê Jesus no final do mês de março. E ainda há a teoria de que (pasmem!) ele tenha nascido especificamente no dia 1º de abril.

1º de abril??? Parece até piada... no Dia da Mentira? ...ou no Dia do Bobo, como é conhecida esta data nos Estados Unidos (April's Fool)...

Bom... não existe provas nem relatos bíblicos que oficializem a data do nascimento de Cristo, mas consideremos o dia 25 de dezembro como data oficial para a celebração deste dia histórico.

(Até porque não vamos querer prejudicar o comércio unificando num mesmo período duas datas de alto consumo comercial, Natal e Páscoa, né? Seria muito prejuízo para eles, tadinhos...)

Quando eu penso em José e Maria viajando com Maria carregando o Salvador deste mundo em seu ventre, existem certos elementos que não se encaixam na minha mente para esta cena.

Havia pinheiros em Israel?

José e Maria viajam num trenó puxado por renas?

Será que nevava naquela noite?

Acho que eu estou confundindo as histórias... Mas não são todas de uma mesma data???

A diferença é que uma é lenda e a outra é fato.

O Papai Noel foi criação de um personagem baseado na vida de Nicolau Taumaturgo, um arcebispo da Turquia no século IV que costumava ajudar secretamente os necessitados colocando sacos de moedas em suas chaminés. Séculos depois, após declarado santo, São Nicolau foi transformado em símbolo natalino na Alemanha. As roupas vermelhas, trenós, casa no polo norte e pinheiros decorados foram criados posteriormente para a visualização fantasiosa do personagem que atrai e encanta milhões de crianças.


Mas eu me pergunto... será que é preciso mesmo um personagem fantasioso para atrair as mentes das crianças para a celebração do nascimento de Cristo?

Será que apenas a história do filho de Deus, que foi enviado ao mundo como um bebezinho para crescer e viver entre nós e nos dar a salvação não é bela (e verdadeira) o bastante para encantar crianças e adultos?

Mas por que duas histórias de naturezas e realidades diferentes? Por que celebrar o aniversário de Cristo numa data já celebrada com outros artifícios e outros motivos???

Esses questionamentos me fazem lembrar do anjo caído que, enquanto ser celeste, tinha nome de luz, mas ao cair, recebeu um nome que significa enganador.

Será que não é melhor para o anjo enganador que o mundo celebre o natal sem de fato celebrar e meditar no nascimento de Cristo?

Será que não é melhor para o anjo enganador que o mundo decore seus ambientes com elementos que diferem por completo daquele dia tão singular?

Será que não é melhor para o anjo enganador que o mundo se delicie num ceia saborosa e recebam muitos presentes para desviar a mente da singeleza e humildade retratada no nascimento do filho do Rei do Universo neste mundo corrompido pelo pecado?

O que você de fato está celebrando hoje? No que você de fato vai pensar enquanto estiver com seus familiares na noite de 24 de dezembro???

Vai comemorar o quê?

Apenas te desejo um Feliz Natal!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

3 décadas

É engraçado o quanto a sua vida pode mudar, e de fato muda, a cada 10 anos.

Quando fiz 10 anos de idade, era uma criança pura e inocente (diferente de muitas crianças de 10 anos de hoje em dia), me preocupava apenas em me divertir, ter amigos, brincar, assistir TV...

Lembro-me até hoje que ganhei de aniversário o boneco (ou como se diz hoje em dia, “action figure”) do Raphael das Tartarugas Ninjas. Não o tenho mais hoje, mas encontrei o mesmo boneco numa loja de brinquedos na semana passada... Tive até vontade de comprar...

Minha festa de aniversário de 10 anos foi simples. Um bolinho, suco em garrafa pet de refrigerante, alguns amigos mais próximos... Mas pra mim estava ótimo! Não precisava nada mais além daquilo! Talvez mais alguns queridos amigos presentes ali, mas eu estava feliz!

Quando fiz 20 anos de idade, era meio que um “recém-adulto”... E quanta coisa aconteceu de 10 para 20 anos... Vivi a dita complexa fase da adolescência, entreguei a minha vida a DEUS pelo batismo, vivi o meu primeiro namoro, tive que escolher que carreira seguir profissionalmente, aprendi a dirigir, capotei um carro (dando perda total) pela primeira vez, tirei minha carteira de motorista, ganhei um carro novo... Nossa! Muita coisa! Não dá pra contar! Na minha segunda década, passei de menino a homem!

Não me lembro do presente de aniversário que ganhei quando fiz 20 anos, mas lembro-me da primeira festa surpresa que me prepararam. De fato foi surpresa, porque foi uns cinco dias antes da data do meu aniversário. E para conseguirem me surpreender, me pegaram num momento que eu tinha que ir para um compromisso importante (ensaio do grupo vocal que eu participava na época) e começaram a criar situações para que eu me atrasasse e não fosse. Para minha surpresa, foi o pessoal do grupo, juntamente com outras pessoas, que prepararam a festa.

Não foi tão simples como a minha festa de 10 anos, mas ainda assim um bolinho, salgados, refrigerante, balões e, é claro, a presença dos amigos e familiares. Agora imaginem a minha cara de estar irritado por não poder ir ao ensaio e receber a festa surpresa logo em seguida...

Quando fiz 30 anos de idade... bem... na verdade... estou fazendo 30 anos hoje! 31 de outubro de 2011. E mais uma década de vida se passou. O que posso dizer dos últimos 10 anos? Chega a ser engraçado...

De 0 a 10 anos... Fase inocente da brincadeira e diversão.
De 10 a 20 anos... Fase intensa do crescimento e evolução.
De 20 a 30 anos... Fase realista da desconstrução e reconstrução.

Eu poderia muito bem chamar a minha terceira década de vida de fase do “tapa na cara”. Já tomou alguma vez um tapa na cara? Eu acho que o tapa na cara é a maneira mais prática de se medir a resistência emocional de uma pessoa.

Quando se recebe um tapa na cara, a primeira reação, a mais instantânea, pode ser de querer agredir ou até matar quem te deu o tapa, ou de ficar perplexo, extasiado e magoado por quem te deu o tapa. Quando conseguimos passar da primeira reação sem fazer nada, a segunda reação é de acumular raiva da pessoa que te deu o tapa, acumular uma vontade de fazer algo mais humilhante e agressivo do que o tapa que recebeu, ou seja, o ressentimento. Se conseguirmos sobreviver a segunda reação, que é bastante longa, a terceira reação é a de acordar e enxergar a vida com mais clareza do que antes de se tomar o tapa.

De fato, foi o que aconteceu comigo dos 20 aos 30 anos. Tomei um tapa na cara da vida. Minha vida desmoronou para que eu pudesse aprender a reconstruí-la com minhas próprias mãos. A fase da reforma.

O que aconteceu comigo nesta última década? Bom... fiz e conclui a minha faculdade, me formei, comecei a trabalhar, vivi a tristeza do fim do casamento de meus pais, perdi parentes muito queridos, fui a um psicólogo pela primeira vez e me tratei, vivi outros relacionamentos amorosos, fui professor de inglês, fui corista num coro profissional, conheci a mulher da minha vida e casei com ela, me conheci melhor do que eu mesmo podia imaginar, aprendi a conhecer e entender muito mais a natureza humana, fui empregado e desempregado, vendi o meu primeiro carro e estou comprando meu primeiro apartamento...

Quanto a minha festa de aniversário de 30 anos... bem... a data é hoje... mas fui surpreendido, pela segunda vez, depois de 10 anos, neste último sábado com uma festa surpresa preparada pela minha querida esposa!

Dessa vez eu posso dizer... Não foi uma festa simples... fui inicialmente convidado por minha esposa para jogar boliche juntamente com minha cunhada, concunhado e sobrinha... Ao chegar no boliche, para a minha surpresa, estavam me esperando os meus amigos e familiares. Uma festa surpresa com direito a duas pistas de boliche para jogarmos por 3 horas... A galera da igreja, do coral... Minha mãe, avó, irmão, tia, primos, sogros, cunhados, sobrinhos... Enfim! Uma maravilhosa e inesperada maneira de comemorar minha terceira década. Meus 30 anos.

Só mesmo a minha esposa, fruto de muitas das minhas conquistas desta última década, para poder pensar e preparar algo tão especial assim pra mim (TE AMO, amor!).

Agora, o mais importante: agradeço a DEUS por mais esta década de vida! Por ter me dado forças para viver tudo de positivo e negativo que a vida tem me proporcionado. Obrigado, SENHOR!

Bom... não sei o que me aguarda nos próximos 10 anos... Mas quando eu fizer 40, eu conto pra vocês!

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Leve 6 em 1

Música é algo na minha vida que quanto mais eu conheço, mais eu me apaixono. Cada nova melodia, cada nova harmonia, cada novo instrumento, cada nova possibilidade de combinação, cada possibilidade de um novo arranjo... Tudo isso me dá uma sensação de êxtase do mais alto fio de cabelo da minha cabeça até a unha do meu dedão no pé.

Sempre valorizei cada instrumento singularmente, inclusive a voz, e me admirava quando um instrumento era capaz de simular ou imitar o mesmo efeito sonoro de outro instrumento. E quando descobri que a voz era o mais poderoso instrumento para realizar múltiplas simulações sonoras. Aí, de fato, eu me apaixonei completamente pelo uso da voz na música!

Lembro-me como se fosse hoje, quando eu tinha uns oito anos de idade, certa vez que um primo meu, que na época morava em Maceió (hoje mora em Vitória), veio nos visitar. Ele sempre trazia novidades da música gospel internacional e dessa vez havia trazido algo inédito! Uma gravação numa fita cassete de um grupo com 6 vozes masculinas que faziam tudo numa canção. Vocal e instrumental somente com suas 6 vozes. O que veio a ser o melhor vocal de todo o mundo: Take 6.

Me lembro até hoje que nessa fita havia a primeira gravação de “If we ever” e que no final da música, no último acorde, eles elevavam o tom da harmonia num efeito meio “pitch”, de maneira tão rápida, que terminavam com um som de vidro quebrando. Muito interessante e bem criativo! Hoje, quando se apresentam ao vivo, ao invés do vidro, um deles faz o som de um prato de ataque da bateria (acho que é o Mark Kibble).

A partir dali, passei a admirar mais e mais este grupo. Como na época que ouvir falar deles a tecnologia do CD ainda estava começando a ser trazida para o Brasil, eu não tinha como comprar os seus CDs ou até LPs (sem falar que eu ainda era muito criança para isso).

Foi então, quando eu fiz 15 anos, que eu tive a oportunidade de comprar alguns CDs deles. Comecei por dois que o esposo de uma prima minha estava vendendo, já que ele estava se mudando para os EUA e estava se desfazendo de todas as suas coisas. Foi o “Join the band” e o “Brothers”.
Fiquei uns 3 anos só escutando estes dois CDs. Depois comprei o “Take 6 Live” e ganhei de presente o “Greatest Hits”, o “So Much 2 Say” (que foi o segundo CD deles) e o “So Cool”.
Certa vez, passando por uma loja de CDs de Jazz, achei o primeiro CD deles, “Doo Be Doo Wop Bop”, o mesmo que eu havia ouvido gravado em fita cassete quando eu tinha 8 anos. Comprei na hora. Mas alguns anos depois esse CD desapareceu. Não sei se emprestei para alguém, mas nunca mais o encontrei.
Os CDs de natal “He is Christmas” e “We wish you a Merry Christmas” eu nunca conseguia encontrar aqui no Brasil. Então o meu primo, o mesmo que havia me apresentado as músicas do Take 6 pela primeira vez, me mandou uma cópia desses CDs pelo correio.
Depois de conseguir os CDs mais antigos deles, passei a comprar os novos CDs que foram surgindo: “Beautiful World” e “Feels Good”.
O último CD deles “The Standard”, eu ainda não tive a chance de comprar, mas estou na busca.
Mas a minha realização maior se deu neste ano quando pude vê-los cantar ao vivo aqui no Brasil. Já havia perdido umas 3 oportunidades de assisti-los aqui no Brasil. Mas dessa vez não quis perder essa chance de jeito nenhum! Viajei para o Rio de Janeiro e pudesse assistir um dos melhores, senão o melhor show musical da minha vida. Os caras são demais! Dominam e brincam muito com suas vozes! Foi uma experiência única na minha vida que espero viver novamente!
Cada voz mais fantástica que a outra:

Claude McKnight possui uma extensão incrível e uma sonoridade melodiosa tanto no grave quanto no agudo. Um falsete limpíssimo de fazer inveja em qualquer tenor.

Mark Kibble, melhores melismas impossível! Até hoje guardo em minha mente o solo dele em “Within me”.

Joey Kibble puxa a melodia no “lead” como ninguém! Além de trazer muita energia nas músicas.

David Thomas possui uma voz maravilhosa além de belíssimos agudos. Somente neste show eu pude perceber isso de fato quando ele fez um “voz e piano”.

Khristian Dentley é o mais novo do grupo (substituindo o Cedric Dent) mas demonstrou uma tremenda destreza no palco, principalmente em suas performances imitando o Michael Jackson.

Alvin Chea, para mim, é o melhor baixo vocal do mundo. Consegue dar notas extremamente graves com potência e ao mesmo tempo aveludadas.
Ainda de quebra, tive a chance de ouvir um outro cantor que gosto bastante mas nunca o tinha ouvido ao vivo: Ed Motta. Ele deu “uma canja” com o Leonardo Gonçalves (outro músico que admiro muito), acompanhados pelo Samuel Silva ao piano (outro grande músico) na abertura do show!
O melhor foi poder ter a chance de tirar uma foto com os caras, juntamente com minha esposa. Por mais que tenha sido rápido, eles são muito simpáticos e receptivos!
Para quem não conhece o Take 6, recomendo que busque conhecer os trabalhos deles, pois é muito bom!

Quer ouvir uma voz fantástica? Leve 6 em 1! Take 6 in 1! Take 6!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Aquarius

No final da década de 60, no auge do movimento hippie, foi escrito um musical teatral intitulado “Hair”, que foi lançado na Brodway em 1968. Posteriormente, em 1979, foi lançado um filme sobre esta peça.

O musical tratava sobre a paz, no estilo dos hippies, em meio à realidade americana, vivendo o conflito do período da guerra do Vietnã. E uma das canções mais famosas do enredo tinha o título de “Aquarius”.

A canção dizia que quando a Lua estivesse na sétima casa e Júpiter alinhado com Marte, a paz guiaria os planetas e o amor conduziria as estrelas. Então esse seria o surgimento da Era de Aquarius.

“When the moon is in the Seventh House and Jupiter aligns with Mars, then peace will guide the planets and love will steer the stars. This is the dawning of the Age of Aquarius”

Por algumas décadas, muitos acreditaram que ainda veriam chegar a Era de Aquarius ou chamada também de era das águas. Alguns pensaram que seria na virada do milênio, outros ainda creem que esta era ainda está por vir...

Certo dia eu estava parado, dentro do meu carro, fazendo hora e comecei a observar as pessoas que iam e vinham pela rua. Era cedo, entre 8:30h e 9:00h, e boa parte das pessoas que passavam por ali estavam a caminho do seu trabalho.

De repente vejo um mendigo passando por ali, com uma barba comprida que quase chegava à barriga, cabelo grande, blusa rasgada e calças extremamente surradas e folgadas que só não caiam porque estavam amarradas com algum trapo de pano. Ele vinha com um copo d’água na mão e dentre alguns goles que dava, às vezes cuspia a água no chão.

Vendo aquela cena eu pensei: Se eu estivesse fora do carro, provavelmente iria para o outro lado da rua. No entanto, me era confortável estar vendo aquela cena dentro do carro. Me sentia aquém daquilo tudo, como se estivesse assistindo a uma cena de filme que por acaso estava passando na tv.

Foi então que eu me dei conta: estamos vivendo a Era de Aquarius!

Me lembrei que quando eu era pequeno, meu pai tinha alguns aquários em casa. E muitas vezes ele gostava de ir à praia para pegar peixes para colocar no aquário e muitas vezes eu o acompanhava. Tirávamos os peixes de seu habitat natural, sua realidade de vida, o grande e imenso mar, para deixa-los isolados da realidade numa caixa de vidro, um aquário.

Lembrei disso porque eu percebi que estava numa espécie de aquário. Uma caixa de vidro (no caso, também de metal) que me deixava isolado do mundo ali fora. Eu podia ir e vir dentro do meu carro que o que estivesse acontecendo do lado de fora não me valeria de nada, eu seria um mero espectador de uma cena corriqueira da qual eu nem saberia o final, pois já teria seguido adiante.

Mas afinal de contas, não vivemos em tempo integral dentro de um carro.

É verdade! Mas existem outras “caixas de vidro” às quais nos prendemos para nos isolar da realidade do mundo! A televisão ou o computador, por exemplo, por mais que não possamos ficar fisicamente presos a um deles, nossa mente pode e constantemente fica. Atualmente os televisores e os monitores de computador já não possuem mais um formato equivalente a uma caixa de vidro, estão mais para placas de vidro, mas ainda continuam comportando as nossas mentes com precisão.

Quantas vezes queremos apenas saber qual foi a catástrofe do dia, mas não queremos nos envolver nem nos solidarizar? Quantas vezes preferimos mandar um e-mail, um torpedo, ou uma mensagem na rede social do que telefonarmos ou irmos de encontro a um amigo apenas para saber como ele está?

Quantas vezes ligamos para o “Criança Esperança” ou para o “Teleton” ao invés de utilizar o nosso tempo visitando semanalmente ou mensalmente uma creche, um abrigo para crianças ou um asilo?

Antigamente, quando precisávamos pagar alguma conta ou comprar alguma coisa, tínhamos que sair de casa, pegar o carro ou o ônibus, ir até o banco ou a loja, falar com o atendente e realizar o pagamento da conta ou a compra de algo. Hoje podemos fazer isso tudo sem sair de casa. Pelo computador, pelo celular, ou até mesmo pelo telefone convencional.

É mais cômodo, é mais confortável, é mais conveniente... Pra que sair? Pessoas dirigindo estressadas ou lerdas demais, ou atendentes impacientes ou vagarosos demais, ou amigos ou conhecidos querendo invadir sua vida, saber dos seus problemas... E o mais engraçado é que a maioria dessas pessoas: os motoristas, os atendentes, os amigos, os conhecidos, os cidadãos... estressados ou lerdos, intrometidos ou inconvenientes, no final das contas querem a mesma coisa... Voltar para os seus aquários!

É... cada dia que passa estamos vivendo mais e mais a “Era de Aquarius”!

Até onde vamos chegar?