terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Irresponsabilidade Social


Ora ao som: Pássaros cantando... Algumas poucas pessoas na rua conversando... Carros passando... e a respiração de duas pessoas acuadas e um tanto entediadas...

Ora à imagem: O que DEUS nos permitia ver sob a SUA dádiva do primeiro dia da criação... E o pouco que nos era refletido do exterior no cobrir da escuridão...

Foi assim durante uma semana do mês de janeiro deste ano, ao qual minha esposa e eu iniciamos o desfrute do nosso novo lar conjugal.

Felizes e amistosos com tão almejada mudança, não podíamos esperar sermos vítimas de um imprevisível revés... O antigo morador do imóvel, que foi um inquilino do antigo proprietário, havia deixado uma grande dívida pendente com a empresa provedora de energia elétrica.

Ao sabermos da situação, tentamos de todas as formas resolve-la, mas os funcionários de atendimento da empresa, com suas limitações de atuação e capacitação, se restringiam apenas a dizer que somente o responsável pela dívida poderia resolver a situação e que se assim não fosse feito, o relógio de medição de energia para o nosso apartamento seria removido.

Para eles parecia simples... Basta apenas localizar esta pessoa... Mas o fato é que ninguém conseguia encontrar o responsável pela dívida... Nem o antigo proprietário do imóvel que conhecia a pessoa, nem tão pouco nós que nunca o vimos na vida...

Não teve jeito... Nossa energia foi cortada... E ficamos durante uma semana sofrendo o prejuízo de perdermos alimentos conservados na geladeira... ilhados pela falta de acessibilidade à informação e comunicação... e entediados pela falta de opções para entretenimento, somado à frustração do ocorrido...

Para que isso não nos consumisse por demais, tivemos passar o máximo de tempo fora de casa e voltarmos apenas para dormir.

Tentamos, de todas as formas, resolver a situação. Fomos nos mais diversos postos de atendimento desta empresa provedora de energia. Talvez, se eles tivessem uma empresa concorrente no mesmo estado, dariam mais atenção em resolver o problema.

Depois de tanto ir e vir, conseguimos com que eles disponibilizassem para que nós pudéssemos pagar a dívida que não era nossa. Pelo menos o antigo proprietário do imóvel assumiu o prejuízo. Tivemos que esperar 2 dias para que o pagamento constasse no sistema dele para então abrirmos uma nova conta em nosso nome. No entanto, a empresa provedora de energia nos deu o prazo de 3 à 5 dias úteis para a instalação do novo relógio medidor e distribuidor de energia.  Ou seja, mais espera, mais prejuízo, mais frustração...

Passada essa situação, pensei em algo que ser tornou modismo em todas a grandes e médias empresas de destaque. A famosa “Responsabilidade Social”.

Como profissional do design, já desenvolvi vários materiais gráficos para divulgação do trabalho de responsabilidade social de algumas empresas. Fotos de pessoas correndo, sorrindo, parecendo felizes e satisfeitas, como se aquela empresa em questão se preocupasse realmente com os problemas do mundo.

Uma das vezes que realizei este tipo de trabalho, ao conversar com a gerente de Recursos Humanos daquela empresa, ouvi algo sobre responsabilidade social que nunca me esqueci. Ela me disse que, ao contrário do que muitos pensam, responsabilidade social não é apenas se preocupar com os problemas da sociedade como um todo, mas primeiramente partir da preocupação com os problemas da parte da sociedade que atua na empresa em questão e consequentemente da parte da sociedade que esta empresa provê os seus serviços.

Quando vivi a “semana sem energia” lembrei de tudo isso que me foi dito. Ao entrar no site da empresa provedora de energia, que não me pareceu agir com responsabilidade quanto ao meu problema social, encontrei uma opção de link intitulada “Energia para Crescer”. Apresentando toda aquela politicagem de cuidados com o meio ambiente, educação e cultura. Sendo que quem mais cresce sob essa campanha são eles mesmos.

Pois é... fingir ser responsável é a coisa mais fácil do mundo... Vender uma imagem adulterada é, muitas vezes, o meu trabalho... Irresponsáveis são eles pelo descaso... Irresponsáveis somos nós por ficarmos de braços cruzados...

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