quarta-feira, 22 de junho de 2011

Luz, Grafismo e Reflexo

Era uma vez dois grandes amigos, com personalidades distintas, que tinham como hobby fazer reproduções visuais: o Grafismo e o Reflexo.

O Grafismo, com aquela natureza emotiva, um tanto melancólica, gostava de reproduzir imagens de uma maneira mais artística, enaltecendo uma beleza que muitas vezes não era própria do elemento a ser reproduzido.

Já o Reflexo, com toda a sua fleuma, tinha o típico perfil "curto e grosso". Para ele, a imagem que tivesse que ser reproduzida tinha que ser extremamente fiel à original, doa a quem doesse. Não ocultava defeitos, não amenizava nenhuma imperfeição. Era aquilo e pronto!

Um belo dia, estes dois grandes amigos conheceram a mais bela criatura que poderiam imaginar conhecer: a Luz.

Ambos ficaram loucamente apaixonados pela Luz e tentaram conquistá-la de todas as formas. Mas cada um, com seu jeito peculiar, criou um efeito distinto sobre ela.

O Grafismo conseguiu encantar a Luz com seus traços, formas e cores de tal maneira que ela, por conseqüência, conseguiu dar mais brilho e vida ao seu trabalho.

No entanto, o Reflexo não conseguiu ter exatamente o mesmo sucesso. Enquanto ele conseguia expandir o brilho e o fulgor da Luz a todos que estivessem a sua volta, mostrando ao mundo todo o encanto e beleza que ela possuía, a própria Luz não conseguia suportar ver quem ela realmente era com tanta clareza e franqueza.

Há quem diga que a Luz era tímida. Do tipo que gostava de fazer bem aos outros mas não se sentia bem em ser enaltecida.

Indecisa entre esses dois pretendentes, por um período ela namorou com cada um deles para sabe quem seria o grande amor da vida dela. Mas no final ela se viu realmente apaixonada pelo Grafismo e se entregou no seu amor por ele.

Casaram! E pouco depois tiveram uma filha. Filha esta que batizaram com o nome de Fotografia.

Ah... a Fotografia! O tesouro mais precioso do amor entre a Luz e o Grafismo. Crescia a cada dia e se mostrava uma criatura ativa, cheia de vida e atitude.

Assim como seu pai, a Fotografia começou a desenvolver o prazer em criar reproduções visuais. Mas foi aí que começou surgir uma preocupação por parte do Grafismo.

O trabalho da Fotografia não tinha semelhança alguma com o trabalho do seu pai, o Grafismo. Mas instigantemente se assemelhava muito com o trabalho do seu... hã... "tio"!? ... O Reflexo!

A Fotografia acreditava que todos os elementos existentes eram o que eram. Não tinham porque se esconder. Não havia motivos para se julgarem imperfeitos ou terem vergonhas de uma ou outra característica própria.

A Luz, notando a preocupação do seu esposo, começou a auxiliar a Fotografia em seus trabalhos. Lançando o seu brilho sobre os elementos em ângulos estratégicos para que se amenizasse ou até ocultasse as imperfeições que o Grafismo queria que fossem registradas de qualquer maneira.

Isso amenizou bastante o resultado, mas ainda não parecia ser suficiente para o Grafismo. Ele achava o trabalho da Fotografia realista demais e não conseguia lidar bem com a realidade.

A verdade é que o Grafismo começou a "coçar a cabeça" pensando na possibilidade da Fotografia ser filha do Reflexo e não dele. Mas ele não queria deixar transparecer isso jamais e tinha o ímpeto de tentar de alguma forma desvincular a semelhança do trabalho da Fotografia com o do Reflexo.

Pensando nisso, resolveu colocar sua filha para fazer um estágio com um profissional do embelezamento imagético: o Editor.

O Editor era um velho amigo do Grafismo e tinha os princípios muito semelhantes ao dele. O Editor gostava mais de trabalhar com o realismo do que com o abstrato (um pouco diferente de como o Grafismo, às vezes, gostava de atuar), mas repudiava o que era julgado visualmente imperfeito, assim como o pai da Fotografia. Ele gostava de apresentar uma versão visual melhorada ou até mesmo "evoluída" na representação visual de qualquer elemento.

E assim foram trabalhando juntos a Fotografia e o Editor...

Conflitos? Claro que houveram! Duas personalidades tão distintas não poderiam trabalhar juntas sem que houvesse conflitos. O Editor se mostrou com uma natureza vaidosa e algumas vezes até frívola, enquanto a Fotografia possuía uma natureza autêntica, realista e impetuosa. Mas no final, o Editor é que era o chefe e se a Fotografia quisesse continuar trabalhando com ele teria que entender a essência o velho ditado "manda quem pode e obedece quem tem juízo".

O Editor não admitia, mas admirava muito o trabalho da Fotografia. Ele o via como um diamante bruto para poder lapidar, mas não queria admitir isso pois já era muito difícil para ele lidar com a natureza da Fotografia, pior seria se ela soubesse que ele dependia do trabalho dela.

Os trabalhos dessa equipe rendeu muito. Todos queriam ter as versões visuais melhoradas de si mesmo. Mas no entanto sempre era exaustivo para essa equipe alcançar o resultado almejado. Almejado pelo líder, é claro.

Foi então que, alguns anos depois, um novo empregado veio se juntar à equipe: o Recurso Digital.

O Recurso tornou muito mais prático o trabalho da Fotografia com o Editor, aumentando ainda mais o rendimento de ambos na equipe. Tanto para o Editor como para a Fotografia isso foi ótimo. O Recurso era muito prestativo e gentil. Gostava de ajudar a todos e facilitar a vida de cada um ao seu redor.

A Fotografia pouco a pouco foi se vendo encantada com o tamanho altruísmo do Recurso Digital. Desse encanto surgiu a admiração, que junto com uma súbita paixão, tomou o coração da Fotografia, que se encontrou envolta num amor inexplicável por ele.

O Recurso Digital achava a fotografia linda e se admirava com sua personalidade impetuosa e autêntica. A cada dia de convívio, ambos foram se apaixonando cada vez mais, até que resolveram se entregar um ao outro e se casaram.

Esse casamento foi grande realização para todos. Pois agora, a Fotografia passou a ser Fotografia Digital e o seu trabalho junto ao Recurso Digital se tornou cada vez mais precioso para o chefe deles.

O Grafismo adorou o resultado do trabalho da sua filha, junto ao seu genro, sob a supervisão do seu velho amigo Editor, que se mostrou cada vez menos semelhante ao trabalho do Reflexo.

A Luz também ficou feliz pois conseguiu amenizar as suspeitas teorias sobre a paternidade de sua filha.

Já o Reflexo, cada vez mais amargurado com sua solidão e o desprezo alheio por sua natureza, continuou em sua fria sinceridade ao reproduzir as imagens dos elementos a sua volta. Algumas vezes tentava ser menos grosseiro tentando distorcer ou contorcer o seu trabalho, mas às vezes o seu resultado saia pior do que o original.

A verdade é que ninguém sabe se a Fotografia é mesmo filha do Grafismo ou do Reflexo. Só que no final, ela acabou se tornando e ainda tem ser tornado cada vez mais diferente do Reflexo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Perfeita Imperfeição

Quando nós sonhamos intensamente com algo para a nossa vida, seja uma mudança de vida, uma atuação ou um bem material, nós queremos que, antes de mais nada, seja "perfeito"!

Já sonhou em ter um carro perfeito? Em ter uma casa perfeita? Em namorar com a mulher perfeita ou com o homem perfeito? Em ter o casamento perfeito? Emprego perfeito?

Dentre muitos exemplos como estes, eu mesmo, como um amante da música e profissional do design, também já sonhei em fazer a música perfeita, o layout perfeito, cantar o solo perfeito, conseguir a diagramação perfeita, fazer a harmonia perfeita, construir o projeto perfeito...

Mas... pra quê tanta perfeição??? ... Reconhecimento? Status? Auto-realização?

Antes de responder qualquer uma dessas perguntas, devemos nos fazer dois questionamentos de maior importância...

Nós sabemos o que é perfeição???

Nós podemos lidar com a perfeição???

As referências evoluem, mudam ou muitas vezes se fundem. E o que parece perfeito hoje, pode ou não deixar de ser perfeito amanhã. E isso nos mostra um fator de maior importância que até mesmo redefine o conceito de perfeição: o objetivo.

De que vale compor a mais bela canção se não houver um propósito para isso? De que vale desenvolver o melhor projeto se eu tiver um objetivo para tal?

De que vale ter o mais perfeito carro se o custo de manutenção for maior do que se pode arcar? De que vale ter a pessoa perfeita na sua vida se você não souber ser a pessoa perfeita para ela?

Não somos perfeitos! Fato! E estamos muito longe disso!

Antes de dizermos o que queremos, devemos refletir bem no "para quê" queremos.

Pensei em escrever esse tema baseado em algo que vivi no último sábado (dia 21/05/2011).

Desde fevereiro deste ano, a igreja a qual freqüento começou a ensaiar um coral evangélico e eu fui solicitado para fazer os testes vocais com todos os inscritos que queriam participar. Eu não queria ser rigoroso na avaliação, mas também não poderia ser negligente quanto a estrutura vocal mínima necessária para se ter o coral.

Avaliei vozes de todos os tipos: Fortes e fracas. Afinadas e desafinadas. Seguras e inseguras. Experientes, inexperientes e alguns até sem experiência alguma sequer.

Se eu fosse escolher as vozes mais perfeitas dali, não teríamos um coral, mas sim um grupinho vocal. Então me perguntei: qual o objetivo deste coral? Louvar a Deus... Unificar os jovens da igreja... Trazer uma atmosfera de louvor mais impetuosa e reverente, que é costumeira do canto em coral...

Então, para ser o mais pragmático possível, adotei os seguintes requisitos mínimos: Caso não tenha prática e experiência em canto coral, se não for atrapalhar os outros coristas e/ou tiver potencial para aprender e evoluir, está dentro!

Pronto! Uma equipe de 28 coristas estava montada. Poucos sabiam ler partitura. Alguns nunca haviam participado de um coral antes. Tínhamos um diamante bruto nas mãos para lapidar. E para isso, fui convidado a participar como corista.

Minha última experiência em canto coral, antes dessa, foi num côro erudito profissional. 42 vozes de músicos profissionais com timbres vocais e técnicas maravilhosas, que sabiam ler partitura naturalmente. Alguns até solfejavam a primeira vista. E eu me sentia o pior de todos ali. Foi uma experiência que expandiu os meus conhecimentos e tendências musicais, assim como minhas referências de repertório. Mas ali era a música pela música. Tentávamos ser perfeitos apenas pela arte e pelo prazer musical!

Mas este coral evangélico não era para ser a música pela arte. Mas a música para o louvor a Deus! Música para o evangelho! Música para transmitir e comunicar a palavra de Deus! Então, começamos a lapidar esse diamante bruto!

Ensaios e mais ensaios cansativos... passando e repassando vozes para quem não conseguiu aprender ou para quem havia se ausentado num ensaio anterior... Naipes com 80% das vozes alinhadas (não necessariamente tão afinadas) e 20% de vozes perdidas atrás das notas... Mas pouco a pouco, lapidando, foi começando a tomar forma e brilho...

Enfim, a primeira apresentação! Dia 21 de maio de 2011... Sábado... Seriam apresentadas 4 músicas naquela manhã... E inventaram de me colocar bem no meio coral, na primeira fileira... Meus ouvidos estavam cercados por todas as vozes... Timbres dos mais variados... Alguns afinados, alguns semitonando, uns fazendo portamento para achar a nota, outros empostando a voz com vibrato para ajudar no volume e na sustentação... Uma "massa" vocal!

E eu estava ali... mal podendo ouvir minha própria voz... meio inseguro... achando que o coral não poderia estar soando bem... Cadê a mesa de som? Não teria como abaixar mais uma voz e valorizar mais a outra? Não! Era um coral! Uma "massa" de vozes! Sem indivíduos! Sem destaques! Mas a união de todas as vozes!

Na última música, tive que fazer o solo e tive que sair do meio do coral. Então eu pude perceber a forma daquela "massa" vocal... Mas como eu também tinha que cantar, não podia prestar tanta atenção na sonoridade do coral sob aquela perspectiva... Só me restava uma alternativa de saber como estávamos: o vídeo!

Deixei minha câmera num tripé no alto da galeria e pedi para uma amiga minha controlar fazendo um zoom e um panorama do coral de vez em quando.

Quando fui  ver e ouvir os vídeos, fiquei surpreso! Aquela "massa" tinha forma e sabor! O coral cantava com emoção! Com o coração! No todo, a música ficou linda, a mensagem foi transmitida e o nome de DEUS foi louvado! Fiquei muito feliz!

Percebi na prática que toda essa mistura resultou numa boa coisa! Junção de vozes experientes e inexperientes... fez-se a massa! Massa boa! Massa feita com amor! Ainda pode ser mais temperada e decorada... mas já dá pra alimentar muitos corações famintos da palavra de DEUS.

Sei que os anjos cantaram conosco naquela manhã... mas o melhor de tudo foi saber que DEUS mais uma vez se provou PERFEITO através da nossa imperfeição!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Conceitos Difusos


Ser criado num lar cristão é algo que traz muitos benefícios à sua vida. Você cresce com valores e princípios arraigados que são extremamente positivos para o seu desenvolvimento como ser humano e cidadão. Contudo, a constante convivência com pessoas que partilham da mesma fé que você (e consequentemente a maioria dos mesmos princípios) gera um certo "comodismo" em esperar que o outro aja e pense da mesma maneira que você e ainda acha "incorreto" se ele não o fizer.

A realidade sócio-financeira que vivemos hoje, oriunda do capitalismo, nos ensina por A + B algumas regras fundamentais para a nossa própria sobrevivência: "Nada nesta vida é graça!", "Olho por olho, dente por dente!", "Aqui se faz, aqui se paga"... São provérbios e ditos populares que nos levam a pensar de maneira mais egoísta em relação aos outros, muitas vezes para não sermos atropelados por eles. Entretanto, para quem cresce sob a conduta e os princípios de uma vida cristã, existe um conflito em encontrar um equilíbrio entre a realidade terrena e a conduta espiritual.

Na maioria destes casos, há o pensamento (não declarado) de que os princípios cristãos são para a igreja (vida espiritual), para o lar (vida familiar) e para os amigos em geral (vida social). Claro que existem exceções. Alguns mais ao norte, outros mais ao sul... Mas a linha de pensamento em comum entre os cristãos acaba sendo essa mesma. Deixando assim para o princípio capitalista a vida financeira e profissional.

Trazendo à prática, esse conflito entre princípios terrenos e princípios cristãos acaba gerando alguns problemas em certas situações de vida de algumas pessoas.

Vamos imaginar um profissional de qualquer área que presta serviços para uma instituição religiosa. Há quem pense que ele não deveria cobrar nada, já que é para a "obra do Senhor" (normalmente isso ocorre quando ele também é adepto desta mesma instituição). Há quem pense que ele deveria dar um desconto especial, já que a instituição, teoricamente, não possui nenhum fim lucrativo. Há quem pense que trabalho é trabalho e que o valor do serviço deve ser o mesmo incondicionalmente.

Agora, vamos imaginar um individuo que se presta a fazer um trabalho voluntário para uma instituição religiosa. Há quem pense que a instituição em questão deva delegar e cobrar funções ao indivíduo em questão, tal qual um empregador faria a um empregado contratado. Há quem pense que a instituição em questão deveria mensurar a disponibilidade do indivíduo em questão para lhe atribuir tarefas que melhor se adequem às suas afinidades. Há quem pense que o indivíduo em questão deve sentir-se livre para atuar como bem quiser e quando bem quiser.

Definir conceitos como Solidariedade, Profissionalismo, Gentileza, Competência, Afinidade, Comprometimento, Determinação, Obrigação, Disponibilidade, Imposição... pode ser algo muito simples na teoria, mas na prática pode se tornar algo muito complexo e difuso.

Existe um pensamento popular que diz: "A nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros!"

Pensarmos no próximo não é apenas uma questão de ser bom e agradável para com a outra pessoa, mas principalmente tentar enxergar e ponderar a situação sob a ótica e realidade dela.

Por isso que, por mais que sejamos íntegros e éticos, devemos sempre conhecer os nossos limites. Ou seja, até onde termina a nossa liberdade. Se todos nós assim o fizermos, com certeza os nossos princípios não terão conceitos tão difusos.

(Se você leu o propósito deste blog, deve estar se questionando o que isso tem a ver. Bom, posso dizer que já vivi as situações ilustradas, em ambas posições, em uso de "hora ao som, hora à imagem".)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Pra começar...

Às vezes nos pegamos a pensar em possibilidades que poderiam ter ocorrido em nossas vidas se tivessmos feito as coisas de maneira diferente.

Se eu tivesse estudado em outra escola, ao invés da que eu estudei... Se eu tivesse feito outra faculdade ao invés da que eu fiz... Se eu tivesse seguido outra carreira, ao invés da que eu segui... Se eu tivesse feito aceito aquela proposta de emprego, ao invés de recusa-la...

Se eu tivesse... Se eu pudesse... O que seria... O que teria...

Às vezes simulamos situações nas quais vemos que, em certos aspectos, teriamos uma vida melhor se tivessemos feito as coisas de maneira diferente... Mas... em certo aspectos... não em todos!

Pare agora e pense... o que você tem de bom em sua vida hoje? Amor? Amigos? Família? Tranquilidade? Paz? Dinheiro? Carreira? Status? Fama?

Impossível ter todas essas coisas juntas... por isso, meu conselho é: Valorize o que você tem de bom hoje! Pois poderia ser pior se você não o tivesse!

São as minhas primeiras palavras nesse blog... apenas Pra Começar...