terça-feira, 26 de julho de 2011

Filosofando em Dó Maior

No segundo semestre de 2007, trabalhei como professor de inglês em uma escola, ensinando turmas de 1a à 8a série. Embora muitas vezes o rítmo fosse estressante (afinal eram muitas turmas com uma grande variação de idade e maturidade), muitos desses alunos conquistaram um lugar no meu coração e então continuei mantendo eventual contato com alguns deles via internet.

Certo dia, estava eu navegando pelo Facebook, quando me deparei com uma declaração de uma ex-aluna minha que me intrigou por demais. Ela dizia: "A vida é como um piano. Teclas brancas representam a felicidade e as pretas as angústias. Com o passar do tempo você percebe que as teclas pretas também fazem música. A Última Música!".

Quando li aquilo, como músico, fiquei meio que revoltado. Impulsivamente acabei respondendo que para alguém dizer aquilo, ou nunca tocou um piano, ou não tem a menor idéia de como se toca.

Depois percebi que fui rude na minha resposta, principalmente quando ela respondeu "Cada um interpreta à sua maneira". Então tentei explicar o motivo da minha discordância quanto à citação dela e assim me veio a idéia para esse post.

Para quem não conhece a funcionalidade da "interface" de um piano, as notas brancas representam as sete notas musicais (dó, ré, mi, fá sol, lá e si) nas mais variadas frequências (graves, médias e agudas). Já as notas pretas, fazem as variações de semitons (metade de um tom) entre 5 das 7 notas musicais.

Em todas as tonalidades musicais, o único tom que utiliza somente as teclas brancas em seus acordes básicos é o tom de Dó Maior (C).

Por isso, com base nessa comparação entre notas brancas e pretas, vamos ter que faze-lo Filosofando em Dó Maior.

Toda tonalidade musical normalmente utiliza até 6 acordes fundamentais para compor uma estrutura musical básica sem variação de tom. 3 acordes em tom maior e de 2 à 3 acordes em tom menor.

No caso da tonalidade de Dó Maior, todos esses acordes fundamentais utilizam apenas notas brancas.

Mas... para quem toca ou já tocou piano... Qual a sensação de tocar um acorde que tenha uma ou mais teclas pretas em sua formação, no meio de uma música em Dó Maior? Susto? Supresa? Tensão? Mudança? ... A verdade é que a sonoridade foge daquela linha harmônica contínua formada pelos acordes fundamentais. Ou seja, foge daquela mesma rotina.

Então, filosofando em Dó Maior, as teclas brancas são como os fenômenos cotidianos da vida. O acordar, o deitar, o respirar, se alimentar, se sociabilizar, o ir e vir...

Já as teclas pretas são como as surpresas da vida, sejam elas boas ou ruins! A grandes mudanças que nunca sabemos quando virão ou como serão. O incerto. Muitas vezes o tempero da vida.

Por isso a música é rica! Pode trazer as mais diversas sensações para quem ouve. Se há 7 notas musicais, mais 5 variações tonais, imagine quantos acordes podem ser criados combinando estas notas?? (sabendo-se que um acorde pode ter de 3 à 6 notas diferenciadas em sua composição)

Musica é vida! Música é como a vida! Misteriosa e saborosa... Cativante e instigante... Pode fazer o bem ou o mal... Tudo depende de quem toca!

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